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O músico Luiz Eduardo fascina o público com o seu novo CD

Extraído do Jornal SergipeHoje – Ecos & Letras – Cultura

 

Ao longo dos anos, a música tem sido um antídoto massageador da alma. As primeiras décadas da segunda metade do século passado foram responsáveis pelos trabalhos artísticos de maior expressão até hoje produzidos. É lamentável, mas não é o que se pode dizer da década de 90, período em que modismos e composições esdrúxulas invadiram as nossas casas através do rádio e da televisão.

Afirmar que os jovens são responsáveis por esse quadro desastroso é um equívoco. É preciso oportunizá-los a conhecer os grandes nomes da música e as composições que inscrevem a sua história.

O meu primeiro contato com o trabalho de Luiz Eduardo deu-se no final de junho, em uma apresentação rápida numa mostra literária da UFS. Uma oportunidade ao vivo, ao lado do artista, cujos acordes que imprimia com voz e violão deixava a todos sobressaltados pelo domínio e criatividade musical. Dias depois, para minha surpresa, tenho em mãos o seu mais novo rebento – o disco Recomeço.

O CD de Luiz Eduardo é um convite para uma viagem ao mundo da subjetividade. A qualidade de gravação e a arte gráfica são primorosas e já nos dão uma referência do cuidado dispensado à produção do disco. Sente-se falta apenas das letras das músicas, detalhe importante para quem deseja acompanhá-las.

Este disco revela um Luiz Eduardo eclético que dedica parte do seu tempo ao trabalho artístico – uma harmonia perfeita pelas trilhas literárias e musicais. As composições e os arranjos, por ele produzidos, revelam o bom gosto e o cuidado do artista na apresentação do seu trabalho.
Pelo estilo empregado no disco, imagina-se que haja inspiração da MPB associada ao soul. Em algumas passagens nos lembra Cassiano e Beto Guedes, porém Luiz Eduardo tem estilo próprio e sabe o que faz. A escolha de “Soldados”, de Renato Russo, como música incidental para Sem Mistério, demonstra a seriedade do projeto.

A faixa Caminhada, que abre o disco, logo desperta a curiosidade do ouvinte para as demais composições. Como diriam os portugueses, é um instrumental de primeira água, que nos transporta às boas gravações do francês Jean-Michel Jarre.

No CD, há um nítido desejo de satirizar a música de massa imposta pela mídia. Na canção Dance, vá, o intérprete, de forma inteligente, brinca com o verbo dançar, criando para ele múltiplos sentidos.

Os instrumentos escolhidos foram bem posicionados na sala de gravação, especialmente na faixa Pantera no violão. Nela, as cordas são bem ritmadas e definidas, e confere à música uma forte presença.

A maior curiosidade é, sem dúvida, ouvir a faixa que dá título ao disco, cuja fuga deixa para trás um mar de turbulência que renasce cristalizado Naquelas ondas de Atalaia.

Para os que preferem o ritmo dançante, sem maiores compromissos, certamente se identificarão com as composições Dança e Tanto faz.

Se o propósito é apresentar vida nova com boas perspectivas, Recomeço atinge seu objetivo. Trata-se de um CD moderno, inspirado, e que certamente fará sucesso. Fica a sugestão, no entanto, que no próximo trabalho, o sintetizador seja menos explorado que os demais instrumentos responsáveis pela alma do projeto.

Qualidade artística *****
Qualidade técnica ****

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