Lagarto – de um passado admirável ao nosso tempo
Lagarto, que ostenta uma população de quase 100.000 habitantes, não poupou generosidade aos seus filhos ao longo da história. Aníbal Freire da Fonseca, Sílvio Romero e Laudelino Freire são alguns dos lagartenses que deixaram um legado incomensurável de conhecimentos para a cultura brasileira. Uma herança que atravessa gerações e, certamente, continuará a enobrecer o acervo de nossa gente. Mas, apesar disso, alguns traços culturais perderam-se no tempo.
Que saudade dos nossos cinemas, dos shows de calouros promovidos no Glória e no Pérola! Para os que não tiveram o privilégio de conhecê-los, o Cine Pérola era um dos mais suntuosos e aconchegantes de sua época. Seu interior, artisticamente decorado com pinturas de motivos egípcios, uma obra prima de Edson Ferreira, chamava a atenção dos que o visitavam. Música ambiente e o sublime “Tema de Lara” – na abertura de suas exibições -, faziam parte de sua programação diária. O “velho” Cine e Teatro Glória, de arquitetura mais singela, ousava receber os maiores artistas de sucesso nacional, a exemplo do rei Roberto Carlos e de inúmeras outras celebridades que pisaram seu palco. Apresentações de Alceu Monteiro, Roberto Alves, Los Guaranis e R-Som 7 eram uma constante. Felizmente, ainda nos confortam Los Guaranis, essa admirável orquestra que dignifica a nossa terra; o surgimento do Grupo de Teatro Cobras & Lagartos e, mais recentemente, o Espaço Charles Brício, que, aos poucos, vai recebendo talentos, a exemplo de Kalil, Valter & Izildy, entre tantos outros de uma nova geração. Lagarto da Sorveteria Cristal, da Bica, da Rua da Glória, do Rosendo Palace Hotel, do Colégio Salete, do Tanque Grande, da Panificação e Pastelaria Doce Lar, do Educandário Dom Frei Vital… De homens públicos, amantes de sua terra, a exemplo de João Almeida Rocha e José Vieira Filho; do ecletismo de Divaldo Andrade e Elizeu Martins; de cidadãos probos, como José Corrêa, Joaquim Prata, Hernani Libório, Cláudio Monteiro, Rosalvo Prata, Edson Hora, José de Manu, Antônio de Alexandre, Nelson Ferreira, Ursulino Loiola, Rafael Vieira e mais personalidades que a história se encarregará de perpetuar. Ah, que saudade de você, naquele tempo! Cresceu, evoluiu, perdeu alguns valores, mas mantém aceso o orgulho de sua gente plácida e trabalhadora, inspirado em sua história, um particular que a torna dessemelhante de muitas outras cidades. Lagarto da Zabumba de Terreno, dos Cangaceiros de Zé Padeiro, da Encomendação das Almas de Maninho de Zilá, do Rei Momo de Antônio de Sinhô, das narrativas de Adalberto Fonseca e das histórias de Luiz Antônio Barreto, hoje a acompanhar a modernidade, o progresso, o mundo da tecnologia e da comunicação, com a participação de outros filhos que vibram com o seu desenvolvimento. Lagarto de outro tempo, que serviu de escola para o meu.
Localizado no centro-sul do Estado, a 78 km da capital sergipana, Lagarto se mantém forte como um monólito irrefragável, passagem obrigatória para os que visitam o Nordeste. A Serra dos Oiteiros é o ponto culminante do município, embora os lagartenses privilegiem uma visita à da Miaba, localizada na divisa Lagarto – São Domingos, e que inspirou vários contos, entre eles “Tesouros da Miaba”, de Acrísio Torres de Araújo, cujo prazer da leitura faz parte da minha infância, sob a indicação da inesquecível professora Maria da Piedade Hora.
Cidade simples, de gente amistosa, Lagarto caracteriza-se pelo acolhimento e serenidade que oferece aos seus visitantes. O seu primeiro núcleo populacional foi o Santo Antônio, onde se encontra o marco histórico que revive os primeiros acontecimentos da colonização do município. Segundo historiadores, a existência de uma pedra em forma de lacertílio é uma das versões que conduzem ao nome do município.
Além das manifestações folclóricas e religiosas, Lagarto oferece aos seus visitantes e moradores atrações variadas, apresentadas na Praça do Forródromo, no Parque “Zezé Rocha” e em ginásios de esporte. Merecem também destaque: a Festa da Padroeira Nossa Senhora da Piedade e a Exposição-Feira de Animais no Parque “Nicolau Almeida”, realizadas no mês de setembro.
As vias de acesso ao município permitem um bom sistema de transporte rodoviário com empresas eficientes e modernas agências de viagem.
No centro da cidade, restaurantes, pizzarias e lanchonetes oferecem pronto atendimento, onde a tradicional maniçoba não pode faltar. Complementam estes itens os bons serviços de hospedagem e da rede bancária.
O seu progresso é notório por toda parte, e o crescimento de sua população reflete o desenvolvimento do município, berço da esplendecência poética de Ranulpho Prata, Abelardo Romero e de tantos outros.
Enfim, se você é amante da cultura, uma visita a Lagarto é indispensável para assinalar a sua passagem pela terra que os lagartenses souberam construir com muito amor.
Publicar comentário