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A língua é o principal meio utilizado pelo ser humano na comunicação. É inicialmente falada, embora possa ser transferida para outra mídia, a exemplo da escrita. Para manejá-la bem, o homem precisa seguir determinadas regras e princípios a fim de que a mensagem seja compreendida. Porém, isso não é tudo. O tempo e o meio ambiente encarregam-se de transformar a linguagem, criando, assim, novos vocábulos que empregamos informalmente, como explica a lingüística. Em Lagarto, ao longo dos anos, muita coisa mudou. A língua, por exemplo, recebeu novas contribuições. Vamos conferir:

  • alisar – deixar impune
  • aluado – distraído, malucoanjo de gaveta – pálido, descorado
  • aperreio – agonia
  • aribé – prato grande (cheio)
  • arraia – pipa
  • arripunado – enjoado
  • arrodeio – volta
  • arupemba – peneira de pindoba
  • atroado – tabaréu
  • azuretado – zangado, irritado
  • baboseira – serviço mal feito
  • bater perna – perambular, passear
  • bola de marraia – bola de gude
  • borocoxô – triste
  • broca dos ouvidos – lateral da cabeça
  • broco – bobo, distraído
  • bufa (peido) – gases
  • cabelo de tuim – cabelo encaracolado, cabelo ruim
  • cabrunco – representa o bem ou o mau, a depender do contexto
  • cagado e cuspido – muito parecido
  • catende – lagartixa
  • chocho – franzino, encolhido, murcho
  • coisa-feita – feitiço
  • coisar – fazer algo
  • comendo tampado – dando duro
  • cotôco – curto, pequeno
  • dar carreira – correr atrás
  • de dréu em dréu – de um lugar para o outro, sem destino
  • de venta-acesa – assombrado
  • desapracatado – desorganizado
  • destá – deixe estar, deixe para ver
  • dicuri – ouricuri
  • êita pentcha – expressão de surpresa por algo que esqueceu, viu, soube etc.
  • emburacar – entrar sem pedir licença
  • empampurrado – farto, saciado
  • emperiquitado – arrumado demais
  • enfiar peido no cordão – ficar sem fazer nada
  • engrossante – mingau, papa para recém-nascido
  • enxerido – intrometido
  • feder a chapéu velho – dar a maior confusão
  • fim do mundo – longe, lugar incerto
  • folosado – folgado
  • frouxo – covarde, medroso
  • furdunço – vai e vem, confusão
  • galo de resguardo – sem sabor
  • ginge – gastura, mal-estar
  • gota serena – coisa ruim
  • inhaca – mau cheiro, urucubaca
  • lêfo – frouxo, folgado
  • lexéu – sem valor, desgastado, velho
  • liso, leso e louco – sem dinheiro (quebrado)
  • malamanhado – desarrumado
  • maluvido – que não escuta ninguém; desobediente
  • mangar – rir de, ironizar; zombar
  • melado – sujo, bêbado
  • montada – transporte, carona
  • na broca dos ouvidos – na cara
  • nó cego – gente complicada
  • obrar – defecar
  • oco do mundo – lugar imaginário, na rua (sem local certo)
  • papoco – estrondo
  • paralé – paralelepípedo
  • peba – ruim, de má qualidade
  • pêga – alusão a ser sobrenatural ou coisa ruim
  • pêia – terrível, difícil
  • picuá – bagagem, sacola com coisas pessoais
  • pixotinho – miúdo, pequeno
  • pois não – estou às ordens
  • pois sim – não concordo
  • postema – parasita, porcaria, algo ruim
  • presepada – travessura, coisa errada
  • quenga – prostituta, amante
  • rabutaia – sobra, resto
  • relepada – pancada, arranhão
  • resenha – fofoca
  • ripunado – enjoado
  • rolo – confusão
  • roscofe – relógio de má qualidade, ruim
  • sacudir – jogar fora
  • saruê – sarigüê
  • sibite – saliente, vaidoso, assanhado
  • tanger – botar para correr, expulsar
  • tremelê – vertigem, coisa ruim
  • troncho – torto; desajeitado
  • virado na cilibrina – terrível, irrequieto, impossível
  • vôte – puxa, ora (repulsa)
  • vou chegar – vou sair
  • ximar – cobiçar um alimento, ficar de olho na comida de outrem
  • zunir – jogar fora

Nem mesmo o lagartense escapou desse vai-e-vem da língua. Ele mesmo recebeu o cognome de “papa-jaca”.

LAGARTO – Primeiros logradouros, povoados etc.
(Nomes atribuídos pelos habitantes em diferentes épocas)

Bairro Cidade Nova
Complemento do Povoado Catita, que, com o crescimento da cidade, deu origem a um novo bairro com aparência de uma pequena cidade.

Beco (Oco) do Urubu
Tratava-se de uma rua estreita, curta e bastante escura. Na década de 70, já ampliada, ficou conhecida como Rua da Plastil, embora já levasse o nome que conserva até hoje: Rua Ascendino Garcez.

Beco dos Barbeiros
Ligava a Praça da Piedade à Praça Dr. Filomeno Hora. De caminho muito estreito e congestionado, principalmente em dias de feira. Alargado graças à ousadia do então prefeito Alfredo Prata, que, na época, sofreu inúmeros protestos dos seus opositores.

Campo da Vila
Eram terras de propriedade da Igreja, numa ampla área de beleza indescritível, cujos lotes foram, mais tarde, distribuídos para famílias carentes que passaram a habitar o local. Como antes da condição atual, as cidades eram chamadas de vila, daí a denominação do referido Campo, hoje bairro Aldemar de Carvalho.

Povoado Catita
Assim denominado, graças a uma expressão atribuída a uma bela índia que morava no local, por um fidalgo português. O nome catita significa enfeitado, elegante…

Povoado Horta
Os padres carmelitas, à época da colonização, iniciaram naquela localidade, a plantação das primeiras hortas do município à margem de um rio.

Povoado Jenipapo
Porque os escravos se escondiam numa mata de jenipapeiros abundantes na região e se alimentavam de seus frutos naquele local.

Povoado Olhos d’Água
Na terrível Seca do Bolachão, que prejudicou sensivelmente o município, um padre em Santa Missão, descobriu, por milagre, um minante no local, que, a partir de então, ficou conhecido por esse nome.

Rua da Bolachinha
Havia, na referida rua, muitas senhoras que vendiam doces pelas janelas de suas casas, por isso, por muito tempo, assim ficou lembrada. Hoje, é chamada de Rua 13 de Julho.

Rua da Barriguda
Denominação advinda de uma árvore que servia de ponto de referência à população na localidade, o que acabou lhe conferindo esse nome, hoje Rua Cel. Misael Vieira.

Rua da Canafístula
Ficou assim conhecida, graças à existência de uma árvore da família das canafístulas. Hoje é a Rua Mal. Deodoro da Fonseca.

Rua da Caridade
Com o crescimento da cidade, apareceram novas artérias distantes do centro. Uma delas, a Rua da Caridade, que recebeu esse nome devido à doação de terrenos para construção de casas para pessoas carentes. Seu nome atual, Rua do Riachão.

Rua da Glória
Por muitos anos assim denominada, uma vez que uma senhora de nome Maria da Glória, moradora do local, ali montou a 1ª hospedaria lagartense, acolhendo as pessoas que aqui chegavam. A Rua da Glória, hoje Dr. Laudelino Freire, sempre foi orgulho do povo lagartense, por representar, desde o seu surgimento, um cartão-postal e marco de progresso de sua gente renovadora. O nome atual é uma homenagem justa a um dos seus mais ilustres filhos, nascido no final do penúltimo trecho da referida via.

Rua da Jaqueira
Como não havia a febre de automóveis, ao surgir a rua, uma jaqueira foi preservada por muitos anos, originária de sítio existente na localização. Atualmente é a Rua Jackson de Figueiredo.

Rua da Vila (ou da Aurora)
Recebeu dois outros nomes posteriormente: Duque de Caxias e Olímpio Campos. Situavam-se ali as melhores residências da sociedade local. Foi pavimentada na época, com recursos do Cel. Acrísio Garcez. Quando prefeito, o Sr. Dionísio Machado mudou definitivamente o nome da rua em reconhecimento ao que representou seu maior adversário político, o Cel. Acrísio Garcez.

Rua de Fora
A primeira de Lagarto, assim denominada por ser passagem obrigatória dos que vinham de fora. Com o avançar dos anos, ficou conhecida como Rua de Estância, hoje Major Misael Mendonça.

Rua do Choro
Batizada com esse nome por lembrar o lamento das famílias de indivíduos que eram detidos na feira e conduzidos, sob disciplina, ao quartel, por essa via pública. Atualmente, Praça Sebastião Garcez.

Rua do Feixe de Mola
Era uma rua muito torta, de ladeira acentuada, que lembrava as molas de um caminhão. Hoje é a Rua Quintino Bocaiúva.

Rua do Fogo
Havia ali, muitos moradores fabricantes de fogos e era tradicional nos Festejos Juninos queimarem, naquela artéria, as fogueiras mais altas. Atualmente é a Rua Senhor do Bonfim.

Rua do Pernambuquinho
Um dos comerciantes mais ricos de Lagarto, Sr. Rogério Almeida, originário de Pernambuco, residia nessa localidade, razão do nome popular dado ao logradouro. Sua loja, mais tarde, dá lugar à padaria de Manuel Barbosa, hoje Panificação Santo Antônio no atual Calçadão da Dom Pedro II.

Rua do Sertão
Caminho dos comboieiros com destino à região oeste. Mais tarde conhecida por Rua de Simão Dias por ter sido início da antiga estrada que ligava Lagarto àquele município. Atualmente a rua leva o nome de Tobias Barreto.

Rua do Visconde
Possivelmente, por residir na localidade pessoas de muitas posses, dentre as quais uma que recebeu esse título de nobreza. Posteriormente, por ser responsável pela guarda de bens da igreja, o Cel. Souza Freire, que também ali residira, faz jus à homenagem de denominá-la.

Travessa Chic-Chic
Havia uma família vinda de Xique-Xique, Bahia, que ali fixou residência. Como o local era muito conhecido por conta da criação de suínos, ficou lembrado como travessa dos moradores oriundos do referido município.

Primeiras Agências de Automóveis do Município
Volkswagen – Porfírio Martins de Menezes Filho
Willys – Antônio Fraga Fontes

Marcas da Infância (brincadeiras)

  • batongüê
  • boca de forno
  • bola de marraio
  • bom vaqueiro
  • buica
  • cabana
  • calçadinha do reino
  • cascudinho
  • cineminha lâmpada de mercúrio
  • ciranda-cirandinha
  • estátua
  • folhinha verde
  • furão
  • macacão
  • manja
  • mãos ao alto
  • pano queimado
  • pinta lainha
  • pinto-galo
  • queimado

2 comments

Elissandra Santana
Elissandra Santana

Muito obrigada!!!

Eduardo

Primeiro de tudo meus parabéns a essa mulher linda que É você! Estou muito feliz em ver esse material jornalístico de uma grande valia de muito conhecimento. Parabéns

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