Lagarto e a amnésia cultural
por Fátima Mara
Extraído do Portal Lagartense
Como uma cidade que pisoteia o seu passado, pode sequer pensar que tem futuro?
E não falo aqui de políticos, mas sim de cada cidadão Lagartense, que ao ganhar alguns cobres a mais, não hesita em contratar um monstro de lata chamado retroescavadeira, e assim extinguir mais um monumento à história local, seja ele do século XIX, dos anos 30, 60 ou 80. O fenômeno que acontece lenta e implacavelmente na mais bela de Sergipe (até quando?), é de longe muito mais catastrófico (do ponto de vista cultural), do que o ocorrido em São Luis do Paraitinga, no interior paulista. E sabe por que lagartenses? Porque aquela histórica cidade, hoje chora a perda de seus monumentos, para as forças da natureza lutando incessantemente para que a sua memória não seja apagada pela ação do homem.
Enquanto que na nossa Lagarto o próprio SER HUMANO (será mesmo humano?) destrói gradativamente a arquitetura local.
Nem vou citar nomes aqui, mas a Praça da Piedade já foi mais glamourosa, quando da estada do saudoso Adalberto Fonseca. E o que dizer da linda casa em Estilo Bangalô, que outrora enfeitava a esquina próxima ao Bar de Nilma? Sendo substituída por algo que ainda não identifiquei se tratar de uma repartição pública ou de uma residência.
Ai Lagarto, pense o quanto me enche de satisfação e frustração ao passar em frente à Residência de Dionísio Machado, em plena Praça Filomeno Hora, e me deparar com a sua atual vizinha, que passou de Castelo Histórico dos Reis, datado do início do Século XX, para uma galeria onde ocorre tudo, menos diversão de qualidade… O Hotel Vitória, que anos depois abrigou a Pizzaria Flor de Cactus, foi reduzido a um mísero estacionamento. Creio que com o prédio em pé, haveria formas mais produtivas (belas e cultas!) de se ganhar dinheiro.
Bem, da casa em que Sílvio Romero nasceu, não se tem nem notícia.
Outro ilustre Lagartense cuja residência era igualmente bela e hoje existe só na memória de alguns cidadãos, é a do ex-prefeito Acrísio Garcez (outra saudade!). O que hoje é apenas um criatório de mato (em frente ao posto de Lavagem de Rui), em tempos remotos foi talvez o edifício mais antigo (e belo) da cidade, onde funcionava o Hospital Nossa Senhora da Conceição.
Portanto, caros Lagartenses, o caso SILVIO ROMERO TRAVESTIDO é somente o ápice do fenômeno de aculturação dos lagartenses. Tentar descobrir de quem é a culpa é tarefa mais inglória do que enxugar gelo.
O que nos resta afinal é rezar pelo que ainda está de pé. REZEMOS POIS PARA A PERMANÊNCIA EM PÉ, DO QUE AINDA RESTA DO IMPONENTE CASARIO LAGARTENSE DE SÉCULOS PASSADOS.
Em tempo, oremos a Deus:
- Pela sobrevivência da belíssima residência do saudoso Edinho do Cinema bem como a permanência do Cine Teatro Glória entre nós;
- Pelas residências de Dionísio Machado, dentro e fora da cidade;
- Pela não menos bela e plenamente conservada moradia do professor George Freire Prata;
- Pela Casa Paroquial;
- Pelo prédio da Prefeitura Municipal;
- Pela lindíssima casa situada na esquina oposta à Caixa Econômica Federal;
- Pela Residência de Juquinha (simples e bela);
- Pelo Grupo Escolar Sílvio Romero;
- Pelo prédio dos Correios;
E, finalmente, pelo inigualável prédio da antiga Moenda, que no período em que foi residência da Sra. Jesina Carvalho, esteve à altura de receber o rei Roberto Carlos em sua única visita a Lagarto.
- Pelo Posto do Leite e todos os seus fantasmas… Amém!
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