A vida é curta
Numa das minhas visitas a Onofre Silva Santos, na cidade de Lagarto, depois que ele completou oitenta anos de idade, nossa conversa desviou-se, inevitavelmente, para a questão da longevidade. Aumento da vida com saúde física e mental. Sobretudo com esta última, porque não vale a pena viver quando um indivíduo se torna um corpo à custa de expedientes medicinais empregados, às vezes, por meios mecânicos. Onofre condenava isso e lamentava que a idade fosse curta para tantas pessoas que, em idade avançada, ainda teriam muito que dar, em termos de trabalho útil.
A propósito, contou-me uma lenda que lera em algum lugar, havia tempos. Como toda lenda que se preza, um gênio apareceu a um cidadão e lhe disse que fizesse três pedidos. O homem fez. Como seu maior problema, na ocasião, era o comportamento do filho único, envolvido com traficantes de drogas, arruinando a saúde e até correndo perigo de vida, pediu, em primeiro lugar, a regeneração do rapaz. Em seguida, pediu que o seu rebanho bovino – pois era fazendeiro -, chegasse a duas mil vacas. Por fim, pediu para chegar a oitenta anos de idade. Com isso, estaria satisfeito e plenamente feliz.
Passaram-se tempos. Afinal, um belo dia, em que, aliás, foi um dia fatídico, dia de cobrança, o gênio apareceu. Vinha acertar as contas, levar o que era seu, isto é, o próprio cidadão, para ser o seu criado. Ressurgiu, pois, e fez ver que o atendera a todos os seus pedidos. O filho do cidadão não só largara as drogas como completara o curso na Universidade e hoje era um clínico conceituado; o rebanho, crescendo rapidamente, agora já passava de duas mil cabeças, e, finalmente, naquele mesmo dia o cidadão estava a completar 80 anos de idade, uma longa existência.
Respondendo ao gênio, o homem concordou que foram boas coisas a salvação do filho e o aumento do rebanho, mas quanto aos oitenta anos achava “tão pouquinho”…
Talvez, ao me contar essa lenda, Onofre Silva Santos estivesse pensando em si mesmo, visto que chegava aos oitenta anos pleno de energias e, certamente, cheio de projetos a realizar. A lenda teria sido parábola sobre os estreitos limites da existência em relação às vastas dimensões do sonho do homem. Realmente, a vida é bela, como demonstrou aquele poema de angústia e esperança que foi o filme de Roberto Benigni. Ela também é curta, insuficiente para completar todos os projetos do indivíduo. Meses depois daquela conversa a dois, na casa da Rua Coronel Mizael Vieira, na cidade de Lagarto, faleceu Onofre Silva Santos.
A propósito, contou-me uma lenda que lera em algum lugar, havia tempos. Como toda lenda que se preza, um gênio apareceu a um cidadão e lhe disse que fizesse três pedidos. O homem fez. Como seu maior problema, na ocasião, era o comportamento do filho único, envolvido com traficantes de drogas, arruinando a saúde e até correndo perigo de vida, pediu, em primeiro lugar, a regeneração do rapaz. Em seguida, pediu que o seu rebanho bovino – pois era fazendeiro -, chegasse a duas mil vacas. Por fim, pediu para chegar a oitenta anos de idade. Com isso, estaria satisfeito e plenamente feliz.
Passaram-se tempos. Afinal, um belo dia, em que, aliás, foi um dia fatídico, dia de cobrança, o gênio apareceu. Vinha acertar as contas, levar o que era seu, isto é, o próprio cidadão, para ser o seu criado. Ressurgiu, pois, e fez ver que o atendera a todos os seus pedidos. O filho do cidadão não só largara as drogas como completara o curso na Universidade e hoje era um clínico conceituado; o rebanho, crescendo rapidamente, agora já passava de duas mil cabeças, e, finalmente, naquele mesmo dia o cidadão estava a completar 80 anos de idade, uma longa existência.
Respondendo ao gênio, o homem concordou que foram boas coisas a salvação do filho e o aumento do rebanho, mas quanto aos oitenta anos achava “tão pouquinho”…
Talvez, ao me contar essa lenda, Onofre Silva Santos estivesse pensando em si mesmo, visto que chegava aos oitenta anos pleno de energias e, certamente, cheio de projetos a realizar. A lenda teria sido parábola sobre os estreitos limites da existência em relação às vastas dimensões do sonho do homem. Realmente, a vida é bela, como demonstrou aquele poema de angústia e esperança que foi o filme de Roberto Benigni. Ela também é curta, insuficiente para completar todos os projetos do indivíduo. Meses depois daquela conversa a dois, na casa da Rua Coronel Mizael Vieira, na cidade de Lagarto, faleceu Onofre Silva Santos.
Numa das minhas visitas a Onofre Silva Santos, na cidade de Lagarto, depois que ele completou oitenta anos de idade, nossa conversa desviou-se, inevitavelmente, para a questão da longevidade. Aumento da vida com saúde física e mental. Sobretudo com esta última, porque não vale a pena viver quando um indivíduo se torna um corpo à custa de expedientes medicinais empregados, às vezes, por meios mecânicos. Onofre condenava isso e lamentava que a idade fosse curta para tantas pessoas que, em idade avançada, ainda teriam muito que dar, em termos de trabalho útil.
Publicar comentário