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Retorno

A volta ao Povoado Urubutinga sempre esteve no plano de meus propósitos sentimentais, nos desejos de uma visita a Lagarto.
Para mim, o destino havia marcado, naquele domingo, viagem de volta a um pedaço distante da infância. O Povoado Urubutinga nada tinha de importante. Mas dentro de mim, porém, havia um apelo, uma doce voz que me chamava a uma rápida romaria sentimental pelo chão humilde, onde transcorreram cinco anos da minha meninice. O Povoado Urubutinga me acenava para uma saudade de cinquenta anos. Confiei a dois amigos, José Brigido e Avelar o chamamento. Decidiram acompanhar-me. Tirei do fundo da memória os pontos essenciais do itinerário.
Primeiro foi o Grupo Escolar “Sílvio Romero”. Lá estava ele. Era domingo e estava fechado. Comparando a imagem que trazia da infância, pareceu menor. A minha lembrança o tinha agigantado como acontece sempre com que se conserva no álbum amarelecido da saudade infantil. De que lado ficaria a sala da ala direita? O meu companheiro de carteira se chamava Divaldo Santos Andrade, o popular General que tinha a sensibilidade das almas escolhidas, passou pela vida deixando um toque único de emoções e beleza de sentimentos. Quem com ele conviveu, sabe que fazia parte da comunidade dos homens que são grandes, daqueles para quem o sentido da vida é servir com dignidade, competência e simplicidade.
No silêncio da Praça do Rosário deserta, àquela hora do domingo chuvoso, um pequeno mundo, que parecia totalmente sepultado pela vida, renasce aos meus sentidos. Também chove em meus olhos, não creio que possamos encontrar, na distância dos anos, o remédio específico de nossas mágoas e frustrações.

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