Vivamos a Páscoa
A Páscoa é o cume da liturgia. Aí está a síntese de nossa crença. São Paulo a resume nessa expressão, tantas vezes repetida: “Se Cristo não ressuscitou, vã é vossa fé”. O fato rigorosamente histórico é contestado pelas forças do maligno, mas, evidentemente, sem resultado. A vitória de Cristo sobre a morte, alcançando a Redenção do gênero humano, começa a ser comemorada na noite de sábado. Ela é chamada, por Santo Agostinho, de “Mãe de todas as vigílias”. E culmina com o esplendor do Domingo de Páscoa.
Os elementos que integram a liturgia desse coroamento da Semana Santa têm a origem nos primeiros séculos do cristianismo, acrescidos por outros no decurso dos tempos. Assim, a partir do século XI, a celebração do batismo ocupou lugar de destaque. Os catecúmenos faziam, durante a Quaresma, a preparação imediata, que desabrocharia no nascimento para a vida cristã, como quem surge do sepulcro. Recebiam, por esse sacramento de iniciação, a vida de Deus. A reforma determinada pelo Concílio Vaticano XI insiste neste aspecto batismal. Assim, os adultos renovam as promessas feitas através dos seus padrinhos e aconselha-se vivamente seja isto efetuada dentro das cerimônias da Vigília.
O fogo, a luz do círio que avança nas trevas da nave do templo imersa na escuridão, termina por tudo iluminar. Os elementos celebrativos estão vinculados entre si pelo canto do Precônio, cujo texto e melodia são de extraordinária beleza. A culpa dos primeiros pais passa, então, a ser denominada feliz culpa, pois ocasionou ávida ao mundo do Redentor que, vencendo o mal, salvou a Humanidade decaída.
A alegria é inerente a estes dias festivos, pois é um componente do sucesso. E não há maior vitória que a celebrada nessa semana, culminando a Páscoa. Assim, algo de excepcional e profundo deve penetrar no coração de cada fiel. Sofredor ou não, enfermo ou gozando de saúde, nada podes ser obstáculo ao sentimento de júbilo. Manifestamos nosso contentamento pela Ressurreição de Cristo, porta da eternidade aberta por Ele para todos os homens e nossa integração na outra transcendente e eterna. As lágrimas poderão continuar a rolar. Entretanto, no coração de quem tem fé, haverá sempre exultação, que também gera otimismo, fator importante em nossa existência. O verdadeiro cristão jamais desespera, pois se celebra o sofrimento do Senhor Calvário e também com Ele ressurgirá, no Domingo da Páscoa. Diante da persistência dos males desse mundo, ele proclama que tudo, aqui, é passageiro. E guiado pelo Ressuscitado, sabe que chegará a uma eternidade feliz!
Na Páscoa, recordemos a Exortação Apostólica sobre a Alegria Cristã, do Papa Paulo VI. “A alegria de permanecer no amor de Deus começa já aqui, a partir deste mundo. É a alegria do Reino de Deus”. “Pensamos também no mundo dos que sofrem, e igualmente em todos aqueles que chegaram ao entardecer da vida”.
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