O Cinema Acabou
Entre os anos trinta e setenta Lagarto possuiu cinema, e hoje, como em quase todas as pequenas cidades do interior, esse importante tipo de diversão foi extinto. Zé Dantas Colecionava cartazes de filmes e, sempre que podia, acrescentava mais um – não sei qual a forma. Havia sempre um cavalete do cine Glória na esquina das Ruas Laudelino Freire e Lupicínio Barros anunciando a atração do dia. Os cowboys com Franco Nero, Giuliano Gema e Clint Eastwood eram os preferidos, mas também filmes de Maciste e gladiadores faziam a festa. No final dos anos setenta surgiram os de artes marciais e nas noites de segunda-feira, as portas do cinema se abriam e, logo após a sessão, saia a molecada a imitar os golpes a gritos. E foi assim que os filmes passaram a ser chamados “filmes de iá”. Surgiu também um herói que se vestia de branco e era denominado Santo que lutava contra zumbis e múmias. Faltar a um filme de Roberto Carlos e, naturalmente, à Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, seria quase pecado. Depois vieram os trapalhões com suas comédias-pastelão. Claro que os filmes de Drácula eram ótimos para namorar. Quem não chorou ao ver Teixeirinha cantar o coração de luto? Dio come ti amo que fazia os casais de namorados se beijarem transformando o escurinho do cinema numa sessão de beijoqueiros? Hoje no local do Cine Glória ou Cinema de Edinho está erigido o prédio do Bradesco, mas também existiu o Cine Pérola que pertenceu a Julio Modesto. Uma construção bonita, com espelhos na entrada, uma bela escada circular que dava para a geral, todo decorado com pinturas egípcias e, o mais bonito, era quando o filme estava para começar: as cortinas se abrindo, as luzes se apagando, e o som do “tuuuum”, que se misturava ao Tema de Lara. Foi numa matinê que beijei a primeira namorada. Na parte da geral havia algumas cadeiras que ficavam bem acima das outras e que eram exclusivas de seu Detinho da Radiofon. Hoje o prédio abriga a Caixa Econômica Federal.
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