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A Silibrina de Lagarto

Por Carlos Rocha

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O período junino é a época de festas mais representativa do Nordeste brasileiro. O Estado de Sergipe,  há um bom tempo, tem conseguido se destacar, procurando investir na divulgação desta cultura singular. Nessa época, milhares de turistas visitam o estado. Hotéis e pousadas, seja na capital ou no interior, por todo o período, têm ocupação máxima e, a cada ano, proprietários fazem novos investimentos em reforma e construção de novas unidades. Várias cidades sergipanas já estão em ritmo de festa, procurando não só trazer bandas de outros centros, como também valorizar grupos locais e grupos pé-de-serra, gerando emprego e renda, na roça e na cidade. O forró é o ritmo que até mesmo poderia servir de base para a partitura de um hino para representar a região. O município de Lagarto, localizado no centro-sul do estado, rico em culturas populares e na busca da valorização das tradições locais, tem procurado não só resgatar como também preservar o que existe. Várias festas de época são realizadas no decorrer do ano e, dentre outras manifestações do período junino, que acontecem na sede e povoados do município, o destaque é para a Silibrina, uma festa que existe há mais de 85 anos, unindo lagartenses e turistas.

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TRADIÇÃO DE MAIS DE 85 ANOS

A Silibrina de Lagarto é uma manifestação folclórica (popular) que acontece, anualmente, no dia 31 de maio, a partir das 23h30, dando início ao período de festejos juninos, uma festa regada à tradicional cachaça, que, alíás, é típica da região; acompanhada de zabumba e queima de fogos, arrastando uma grande multidão. No Nordeste, este tipo de comemoração que é tida como uma guerra de espadas, tem como destaque os estados de Sergipe (Lagarto e Estância) e Bahia (Cruz das Almas). É na referida região de Sergipe que se concentra a maior produção de fogos de artifícios do estado. O evento preconiza longo período de preparação, pois envolve a dedicação exclusiva de vários fogueteiros, detalhistas que só eles mesmos. Envolve, também, técnicas que são repassadas de geração a geração, já que a organização está a cargo de vários fogueteiros, a exemplo de: Zé Canuto, Dedé Fogueteiro, Canuto Filho, Seu Zé Delfino, Hamilton Prata e Domingos da Colônia Treze. A animação fica a cargo de outro seleto grupo de lagartenses: a “Banda de Pífanos e Zabumbas” do saudoso Zé de Terreno. Tudo isso, contando sempre, com o apoio da Administração Municipal.

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A RETIRADA DO MASTRO

Toda a comunidade lagartense fica envolvida e vive neste período um ritmo contagiante e, na semana anterior à SILIBRINA, um grande número de pessoas sai em busca de uma grande árvore que possa servir de mastro, em que todos os participantes, ao som da Banda de Pífanos e Zabumbas a retiram da mata e trazem para o ponto de encontro da SILIBRINA. Os anos vão passando e, nestes mais de 85 anos, a festa tradicional já correu o risco de ser extinta, por interveniencia de alguns políticos, moradores e até mesmo pelo Ministério Público, que, no exercício de suas atribuições, cumpre o seu papel de mantenedor da ordem. Apesar de tudo isso, a queima de espadas e busca-pés continua a eletrizar e aumentar a carga de adrenalina daqueles que participam. No dia 31 é feita uma verdadeira romaria pelas ruas da cidade, culminando com a subida de pessoas ao topo do mastro na tentativa de pegar brindes que lá estão apostos.

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RECEITA EXPLOSIVA

As espadas e busca-pés têm como composição: enxofre, carvão de quarana, cera de abelha, óleo de coco, parafina, barro, salitre, bambu maduro, sisal, breu e cordão. Nesse mundo de histórias, o período junino é, para muitos, a época de festas que mais representa o Nordeste brasileiro. São cerca de noventa dias de comemoração. É uma tradição milenar, que teve origem no antigo Egito, comemorando colheitas e reverenciando os deuses do sol e da fertilidade. Depois foi para a Espanha e Portugal, quando o cristianismo tornou-se religião oficial, para homenagear o nascimento de São João Batista, que batizou o menino Jesus, existindo uma correlação com a fartura de alimentos no período. Sergipe tem conseguido o merecido destaque, pois seu povo jamais esqueceu a identidade, trazida à época do Brasil Colônia, advinda da região “D’ouro e Minho” em Portugal. Nessa época, os “caiçaras do litoral” têm mais uma oportunidade de saborear as iguarias que são fornecidas em forma de matéria-prima ou produtos pelos “matutos do interior”. A França nos presenteou com a tradição das quadrilhas, que tanto têm divulgado o nome do estado de Sergipe além-fronteiras, a exemplo dos diversos títulos de campeonatos arrebatados por elas. As campanhas institucionais de divulgação têm dado resultados, tem-se observado que a prata da casa até que tem sido valorizada há um bom tempo, porém, muito ainda falta. Vejamos se tivéssemos um calendário de eventos ao longo do ano em determinados locais dos pólos turísticos, em consonância com as operadoras de turismo, enfocando os diversos tipos de tradições natas da região. Funcionando num todo e na essência da palavra.

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Imagens gentilmente cedidas pela Ascom (PML)
Texto com atualizações da Equipe LagartoNet

1 comentário

Caique Deda

Essa silibrina é boa demais.

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