Brincadeiras de um menino lagartense: o furão
Depois de “BOI DE BARRO” e “BOLAS DE MARRAIO”, passo a narrar mais uma brincadeira de menino, o “FURÃO”.
Trata-se de uma brincadeira muito interessante, dos meus tempos de Lagarto, e largamente praticada por meninos e meninas daquela época, pela simplicidade do material nela utilizado, pois consistia de um objeto pontiagudo chamado furão, preferencialmente, de metal, mas que também podia ser feito com arame grosso, afiado numa das extremidades, ou ainda, de um prego bem grande. A brincadeira acontecia da seguinte forma: escolhia-se um terreno de “chão batido”, de preferência um pouco úmido para facilitar a penetração do furão. Essa brincadeira envolvia, geralmente, dois meninos e se desenvolvia a partir do desenho de dois triângulos paralelos riscados no chão, sendo cada triângulo representando os meninos envolvidos na brincadeira. Em seguida, decidia-se quem começava primeiro, através do par ou ímpar. O menino que iniciava a brincadeira, lançava o seu furão de cima para baixo de forma que o mesmo ficasse encravado firmemente no chão em torno dos dois triângulos. Logrando êxito no lançamento, fazia-se um risco a partir daquele ponto até alcançar o seu triângulo e assim, sucessivamente, lançava-se o seu furão no chão até conseguir cercar o triângulo do seu oponente, finalizando a brincadeira. Tal brincadeira possuía três momentos decisivos, sendo o primeiro: o de saber quem começava o jogo, pois já era uma vantagem começar primeiro; o segundo: dependia da destreza do arremessador e da qualidade do seu furão, pois caso o furão, ao ser arremessado no chão, não conseguisse ficar “de pé”, perdia-se a vez e que era passada para o adversário, e, finalmente, o terceiro, que consistia em acertar o furão exatamente na linha do desenho do seu triângulo para fechar milimetricamante o triângulo do seu oponente. Uma curiosidade: era preciso muito cuidado quando do lançamento do furão em direção ao chão, pois podia atingir o próprio pé ou o pé do adversário.
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