Colorismo: Como o Racismo Internalizado Hierarquiza Pessoas Negras
Série Especial / Julho das Pretas
Enquanto o racismo opera na discriminação entre brancos e negros, o colorismo é um desdobramento perverso que estabelece diferenças de tratamento dentro da própria comunidade negra, valorizando traços eurocêntricos, como pele clara, cabelos lisos e feições afastadas da negritude. Segundo Djamila Ribeiro, esse fenômeno é herança colonial e mantém a lógica de dominação racial, mesmo em espaços majoritariamente negros.
O que é Colorismo?
Djamila explica que o colorismo não é apenas uma questão de tonalidade da pele, mas um sistema que:
Privilegia pessoas negras de pele mais clara em oportunidades de emprego, representação midiática e relações sociais.
Marginaliza negros de pele retinta, associando-os a estereótipos de perigo, pobreza ou falta de beleza.
É reproduzido até mesmo em novelas, publicidade e movimentos sociais, onde pessoas negras claras são mais visibilizadas.
Impactos na Autoestima e Sociedade
Relatos mostram que crianças e mulheres negras escuras são as mais afetadas:
Recebem menos elogios e são menos representadas como símbolos de beleza.
Sofrem com piadas e humilhações que naturalizam a desvalorização da pele escura.
Enfrentam dificuldades adicionais no mercado de trabalho, mesmo com mesma formação que negros claros.
Como Combater?
1. Reconhecer o problema – Discutir o colorismo sem reduzir a luta antirracista a uma questão única.
2. Ampliar representação – Valorizar artistas, líderes e modelos negros de todos os tons.
3. Questionar padrões – Refletir sobre por que certos corpos e traços são mais aceitos que outros.
O colorismo revela que o racismo não é binário (branco x negro), mas uma estrutura complexa que também segrega dentro da negritude. Romper com ele exige conscientização e ação política, como defende Djamila Ribeiro: “Enquanto existir hierarquia entre tons de pele, a liberdade negra seguirá incompleta”, ressalta Djamila.
Referência:
Ribeiro, Djamila. Pequeno Manual Antirracista (2019).
Debates sobre colorismo em obras como Lugar de Fala (2017).