Empreendedorismo feminino negro avança em Sergipe: resistência, inovação e protagonismo
Em meio a desafios históricos e estruturais, mulheres pretas em Sergipe têm se destacado como protagonistas de uma revolução silenciosa: o fortalecimento do empreendedorismo feminino negro. Impulsionadas pela necessidade, pela criatividade e pela força ancestral, elas têm ocupado espaços antes inacessíveis, criando negócios que movimentam a economia local e transformam realidades.
Segundo dados do Sebrae, o número de empreendedoras negras no estado cresceu significativamente nos últimos cinco anos, refletindo uma tendência nacional. Contudo, mais do que estatísticas, essas mulheres representam histórias de luta, superação e inovação.
A artesã e empreendedora sergipana Janine Santos, de 34 anos, transformou sua paixão por turbantes e tecidos africanos em um negócio rentável no bairro Santos Dumont, em Aracaju. “Comecei vendendo na calçada de casa, hoje tenho uma loja online e atendo clientes de vários estados. Meu trabalho é sobre estética, mas também sobre identidade e resistência”, conta Janine.
Apesar das conquistas, as dificuldades ainda são muitas. O racismo estrutural, o machismo e a falta de acesso a crédito e formação são barreiras constantes. Muitas empreendedoras negras enfrentam jornadas triplas, conciliando trabalho, cuidado com a família e estudo. Mesmo assim, seguem firmes, movidas pelo desejo de autonomia e transformação.
Coletivos e iniciativas locais vêm desempenhando papel importante nesse cenário. O projeto “Pretas Empreendedoras de Sergipe”, por exemplo, criado em 2022, oferece oficinas de capacitação, mentorias e feiras de exposição para mulheres negras de todo o estado. “É um espaço de troca, fortalecimento e visibilidade. Queremos mostrar que há potência no que é nosso”, afirma Tainá Oliveira, idealizadora da iniciativa.
Além de fortalecer a economia local, esses empreendimentos também promovem a valorização da cultura afro-brasileira, da culinária tradicional à moda afro e aos serviços estéticos voltados para peles e cabelos negros.
A expansão do empreendedorismo feminino negro em Sergipe é mais do que um fenômeno econômico — é um ato político. Cada negócio criado por uma mulher preta é uma afirmação de existência e um grito contra a invisibilidade histórica. Ao empreender, essas mulheres constroem novos caminhos para si e para as próximas gerações.