Intelectualidade Negra: Resistência e Reexistência na Produção do Saber
Julho das Pretas / Série Especial
Em um mundo onde o conhecimento foi historicamente moldado por perspectivas eurocêntricas, a intelectualidade negra emerge não apenas como resposta, mas como revolução. No livro de Barbara Carine: E eu, não sou Intelectual?, a autora traça um panorama essencial sobre como pensadores, escritores e artistas negros desafiam estruturas racistas e reescrevem a história a partir de suas próprias narrativas.
Descolonizando o Saber
A obra destaca que o conhecimento produzido por intelectuais negros não é apenas complementar, é disruptivo. Autores como Lélia Gonzalez, Bell Hooks e Abdias Nascimento questionam a visão única da história, propondo epistemologias que valorizam saberes africanos e afrodiaspóricos. “Não se trata apenas de incluir, mas de transformar a maneira como entendemos o mundo”, afirma Carine.
Literatura como Arma de Luta
Da escrita visceral de Carolina Maria de Jesus à potência narrativa de Conceição Evaristo, a literatura negra é apresentada como um ato político. “Cada palavra é um golpe contra o apagamento”, diz a autora. Essas obras não apenas denunciam opressões, mas celebram a resistência e a beleza da cultura negra.
Educação Antirracista: Rompendo com o Epistemicídio
O livro também aborda a luta por uma educação que vá além do tokenismo. Pensadores como Kabengele Munanga e Sueli Carneiro são fundamentais na construção de pedagogias que combatem o apagamento dos saberes negros. “Ensinar a verdadeira história da África e da diáspora não é opção, é obrigação”, defende Carine.
Arte que Transforma
Do *Black Renaissance* ao hip-hop, a produção cultural negra é um campo de batalha e celebração. Movimentos como o Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias Nascimento, mostram como a arte é instrumento de mudança social.
Mulheres Negras na Vanguarda do Pensamento
A obra ressalta ainda o protagonismo das mulheres negras, frequentemente apagadas mesmo dentro dos movimentos negros. Nomes como Beatriz Nascimento, Luiza Bairros e Djamila Ribeiro são centrais na construção do feminismo negro e na crítica ao racismo estrutural.
Por que isso importa?
Em tempos de crescentes ataques ao ensino da história afro-brasileira, a obra de Barbara Carine serve como farol. “Conhecer a intelectualidade negra é entender que o futuro do conhecimento é plural, ou não será”, conclui a autora.
Para saber mais:
– Como ser um educador antirracista, de Barbara Carine
– Mulheres Negras que mudaram o mundo, de Barbara Carine
– Pensamento Feminista Negro, de Patricia Hill Collins
– Racismo Estrutural, de Silvio Almeida
*Este texto foi produzido com base no livro E eu, não sou Intelectual? e em entrevistas com a autora.